sábado, 18 de setembro de 2010

O Alimento da Alma

Todo homem – até mesmo o rico – é poeta entre os quinze e os vinte anos. A nova educação deverá fazer do homem um poeta em todas as idades, sem que lhe seja necessário escrever versos. Viver a poesia é muito mais necessário e importante do que escrevê-la”. Murilo Mendes

Certa vez li um texto de Rubem Alves. Aquelas palavras me tocaram de uma maneira tão especial, que permaneci dias em silêncio apenas a ouvir. Fazendo frutificar em minha mente as maravilhosas sensações provenientes do som.
“Ouvir os sons do mundo é uma felicidade que somente os artistas recebem por nascimento. Os outros têm de aprender.” Que maravilhoso é o poder da audição. Este sentido promove as sensações mais inusitadas e encantadoras dos momentos efêmeros da vida. Falo dos sons do mundo. Aqueles que se fazem ouvir com o silêncio. Totalmente paradoxal, mas é no absoluto silêncio que passamos a ouvir estes belíssimos sons a que me refiro.
Aquela chuva que cai lentamente em cima do telhado e que traz momentos de imenso prazer e uma excelente noite de sono, as crianças e sua algazarra ao sair da escola, o burburinho dos bares em um sábado à noite, o uivar dos cães numa noite de lua cheia, o cantar dos pássaros em um amanhecer de primavera, o sopro do vento que acalenta os corações, os sons da nossa respiração, os batimentos cardíacos...  


Poderia citar incontáveis sons dos quais deixamos por banalidade passar despercebidos por nossas vidas. Como se fosse algo trivial. Pra mim, são eles o alimento da alma.


Nosso mundo está cheio de música. A cada esquina, a cada passo, há este encantador sentido marcando presença. Querendo ser notado, valorizado, estimado por todos.
Se todos tivessem este sentido mais apurado, talvez o mundo seria menos impaciente, menos impiedoso. As pessoas flutuariam como se permitissem ser levadas por uma clave de sol em uma partitura incompleta, que passa a ser escrita com os sons mais íntimos que só o silêncio nos permite ouvir.


A vida são estes momentos efêmeros. Momentos estes, que são os mais lembrados e valorizados durante toda a nossa breve existência. Saber dar valor a cada instante da nossa vida, abrir o coração, a mente e os ouvidos ao mundo é viver com sabedoria... É não desperdiçar o precioso tempo que temos.
Por favor, vamos acordar nossos ouvidos!

"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música."

4 comentários:

  1. Leonina,
    Como sempre, és adorável!
    Abraços com tulipas amarelas,
    Diego. http://twitter.com/diegoaurino

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  2. Lindo texto Fê!
    muitas vezes reclamamos de tantos sons que poderiam soar agradáveis aos nossos ouvidos se tivéssemos apenas um pouco mais de sensibilidade e paciência..
    concordo total com o teu texto
    e acho q se as pessoas aprendessem a ouvir esses sons com certeza teriam mt mais paz e prazer em viver..
    ;D

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  3. PraQueLadoVou: Com Certeza, Cris! Se todos tivessem mais sensibilidade, talvez o mundo estaria melhor... E saber tirar proveito dos sons do mundo minimiza os aspectos negativos das nossas vidas loucas...
    Grande beijo e apareça seempre! ;)

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